Eu quero chamar a atenção para as armadilhas que as estatísticas nos pregam, sobretudo na área da economia.
Se você não conhece as teorias e não é especialista em estatística, você corre o risco de tirar conclusões erradas ou distorcidas a partir de dados corretos.

Vou mencionar dois exemplos. O primeiro, bem simples, é o seguinte: você olha o balanço de uma loja que vende camisetas e vê que ela vendeu R$ 1 milhão no ano de 2022. Aí você olha o balanço do ano seguinte, 2023, e vê que ela vendeu R$ 1,150 milhão, portanto 15% mais que no ano anterior.

Você pensa: que beleza, a loja vendeu 15% a mais em relação ao ano anterior; a loja está crescendo e lucrando mais. Parece lógico, mas pode não ser.

Você é informado que o preço da camiseta vendida era 100 reais em 2022 e subiu 15% em 2023, passando para 115 reais. Você conclui que a quantidade de camisetas vendidas é a mesma, o preço do produto aumentou 15%, assim as vendas totais em valores monetários cresceram e o lucro da loja aumentou.

Só que o dono da loja vem e diz que o preço da camiseta subiu porque o governo aumentou em 15% o imposto sobre camiseta, a loja não aumentou a quantidade de camisetas vendidas, e o aumento do valor das vendas no ano foi tudo para pagar o novo imposto.

Isso já aconteceu com safra agrícola. Em certo ano, as vendas em valores monetários foram maiores que no anterior, o que deixou a impressão que a agricultura cresceu. Mas constatou-se que a safra agrícola caiu em toneladas colhidas, o preço de venda foi maior porque o governo elevou o imposto sobre o produto agrícola, o que explica ter aumentado o faturamento com menos quantidades em toneladas.

Esses dois exemplos simples mostram que o mero olhar superficial sobre estatísticas econômicas pode levar a conclusões erradas e afirmo a você: isso acontece o tempo todo. Pense nisso!

Confira a coluna completa com José Pio Martins: