Incidência de novos casos de hanseníase e tuberculose representam graves problemas de saúde pública no Paraná.

Essas doenças fazem parte de uma lista de enfermidades negligenciadas, ou seja, que não recebem a devida atenção dos governos e também da indústria farmacêutica, além de receberem investimentos reduzidos em pesquisas, controle e produção de medicamentos, como explica o supervisor de laboratório e responsável técnico do ID8 Diagnóstico, Rodrigo Chitolina.

Segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), entre janeiro de 2012 e setembro de 2018, 256 novos medicamentos foram lançados no mercado, porém apenas oito, o que representa pouco mais de 3% foram destinados paras doenças negligenciadas.

Tanto a hanseníase quanto a tuberculose podem ser detectadas por meio de exames específicos, que possibilitam um tratamento precoce e eficaz. Segundo especialistas, o diagnóstico antecipado evita sequelas permanentes e até mesmo a morte. Rodrigo Chitolina afirma que muitas pessoas desistem do tratamento, por ser de longa duração e muito caro, o que facilita a circulação do vírus e a contaminação de outras pessoas.

Tuberculose e hanseníase são doenças tratáveis e curáveis, mas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os impactos da falta de investimentos são cruciais para mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo todo.

No Paraná, conforme dados do Boletim Epidemiológico de Hanseníase divulgado pelo Ministério da Saúde, foram registrados 222 casos da doença em 2021, sendo que 80% eram casos graves. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o estado registrou 1.855 novos casos de tuberculose.

A médica infectologista do hospital Vita, Marta Fragoso, explica quais são os principais sintomas das duas doenças.

A hanseníase é uma doença infecciosa que atinge principalmente os nervos periféricos, os olhos e a pele. Caso o diagnóstico ocorra de maneira tardia ou o tratamento seja inadequado, a hanseníase pode provocar lesões neurais e danos irreversíveis, como deformidades e incapacidades físicas.

Já a tuberculose é uma das doenças infecciosas de alta transmissibilidade. Uma pessoa com tuberculose pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas. O diagnóstico antecipado torna-se fundamental para evitar complicações, sequelas e também a continuidade da cadeia de transmissão. A doença afeta com mais frequência os pulmões, mas pode infectar qualquer parte do corpo, incluindo o sistema nervoso.