Foi aprovado pelos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), por unanimidade, o Dia da Estrada da Graciosa. O projeto de lei passou em segundo turno nesta terça-feira (2) e segue para sanção do prefeito Rafael Greca. A proposta faz referência à celebração à data de 20 de julho de 1873, quando foi finalizada a obra de engenharia que liga a capital ao litoral do Paraná.

O objetivo é atrair turistas nesta data para Curitiba e municípios da região metropolitana, além de ser uma data de memória, frisando a importância dessas estruturas no desenvolvimento regional.

A Estrada da Graciosa (PR-410) é uma importante rota turística do Paraná, com um século e meio de construção, seus aspectos culturais e naturais lhe conferem um valor imaterial, tanto pela importância na cultura local dos municípios de Antonina, Morretes e Quatro Barras, quanto pela contribuição econômica para a história do Paraná. Com 150 anos, a Graciosa tem uma história que precede a chegada dos primeiros colonizadores ao Paraná.

O engenheiro civil Paulo Sidnei Ferraz, membro do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, diz que a Estrada da Graciosa é uma relíquia na história do Paraná.

O trecho paranaense da Serra do Mar abriga as maiores elevações do centro-sul do Brasil, como o Pico do Paraná, com 1.992 metros de altitude. Conhecida popularmente como Cordilheira da Marinha, essa cadeia montanhosa foi o grande obstáculo entre o Litoral e o planalto paranaense. Há mais de 350 anos, os indígenas utilizavam as trilhas para cruzar a Serra do Mar. Esses caminhos eram utilizados em tempos de colheita do pinhão. A Graciosa era uma dessas trilhas, embora ainda não tivesse esse nome.

Aimoré Índio do Brasil Arantes, historiador da Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, diz que a origem de todos os caminhos da América é indígena.

A Graciosa, como rota logística, presenciou a passagem de produtos de importação e exportação, principalmente o café, um elemento que foi essencial para a economia do Estado. Além disso, foi via de passagem de políticos, viajantes e imigrantes, que chegavam ao Paraná pelos portos de Antonina e Paranaguá. Ferraz destaca as dificuldades na construção, e que em visita ao Paraná, em 1880, a comitiva do Imperador Dom Pedro II subiu e desceu a Graciosa de carruagem.

Embora a Estrada da Graciosa não seja em si tombada, o trecho paranaense da Serra do Mar pelo qual a via atravessa teve o tombamento efetivado pelo Governo do Estado em agosto de 1986. A área também foi reconhecida como patrimônio mundial da UNESCO e constitui um dos mais belos exemplos de patrimônio cultural, natural e turístico do Brasil.

Por: Nasidi Cerqueira com supervisão de Joyce Carvalho