Apesar dos avanços nos últimos anos, a desigualdade nos rendimentos ainda é um desafio da população negra em todo o Brasil.

No Paraná, o rendimento médio para homens negros é de R$ 3.145, cerca de 33,55% do que a média para a população não negra. Para as mulheres negras, a média é de R$ 2.492, valor 29,1% menor do que a média de mulheres não negras, que é de R$ 3.513.


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Os dados foram reunidos e divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em um Boletim Especial em reflexão ao Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20).

Além da renda menor no mercado de trabalho, os dados levantados pelo Dieese ainda apontam dificuldades para inserção da população negra no mercado de trabalho. A preocupação maior é com as mulheres negras, já que a maioria está fora do mercado, se considerarmos os dados do Brasil como um todo, segundo o Dieese.

Combate ao Racismo e a História de Zumbi dos Palmares

Para o historiador, Osvaldo Siqueira, é necessário entender como surge o Dia da Consciência Negra para discutir os desafios da população negra.

A data marca a morte de Zumbi do Palmares em 1695, lembrado por tentar resistir ao domínio pela escravidão e a invasões contra o Quilombo dos Palmares.

O historiador reflete que a própria história da mulher no Dia Consciência Negra começou a ser estudada tardiamente.

O resultado, segundo ele, foi uma sociedade que cresceu sem ouvir e discutir o papel da mulher e da população negra no país.

Políticas Públicas e Educação

Como parte das ações para combater a desigualdade, o historiador defende não só a implementação de boas políticas públicas, mas também uma educação que crie uma geração de pessoas que conheçam e entendam sobre o passado.

Como parte das discussões neste ano, por exemplo, alunos da rede estadual de ensino do Paraná realizaram trabalhos sobre identidade, diversidade e relações étnico-raciais, inseridos em diferentes componentes.

Segundo o Governo do Paraná, as atividades foram trabalhadas em contextos como projetos de leitura de autores negros, rodas de conversa, pesquisas sobre a história da África e do Brasil afrodescendente.

População Negra em Curitiba

Na capital paranaense e em outras cidades do Paraná, o legado de importantes figuras negras pode ser encontrado na história da cidade.

Um desses legados foi deixado pelos irmãos engenheiros André e Antônio Rebouças, homens negros livres. Ambos contribuíram para o desenvolvimento da cidade.

No estado, Antônio foi nomeado inspetor das obras das fortificações de Paranaguá (PR). Ele também chefiou as obras da Estrada da Graciosa de Antonina e Curitiba.

Os irmãos também chefiaram a construção do Caminho de Ferro de Antonina a Curitiba nos anos 1870. A ferrovia foi idealizada por André a partir de estudos conduzidos por Antônio.

Na capital paranaense, segundo a Prefeitura de Curitiba, Antônio identificou tanto o problema quanto o potencial da cidade para receber um sistema de encanamento, que se concretizou no chafariz da Praça Zacarias.