A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) revisou o resultado do julgamento que condenou quatro pessoas pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba no ano de 1998 e declarou os quatro réus inocentes 31 anos depois do crime. Conhecido como “Caso Evandro”, o processou ganhou novas repercussões após fitas com áudios de tortura dos acusados serem encontradas pelo jornalista Ivan Mizanzuk. Um recorte delas havia sido anexado no processo, mas a íntegra revelou que as falas foram obtidas com o uso de força policial, segundo o advogado dos envolvidos, António Augusto Figueiredo Bastos.
Por 3 votos a 2, os desembargadores absolveram Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares, Osvaldo Marcineiro e Vicente de Paula Ferreira, que morreu em 2011 durante o cumprimento de sua pena na cadeia.
Para Bastos, o uso das fitas encontradas pelo jornalista foi primordial para a reanálise do caso.
Em janeiro de 2022, o secretário estadual de Justiça, Trabalho e Família, Ney Leprevost, emitiu uma carta com um pedido de desculpas para Beatriz Abagge. No conteúdo, o estado reconhecia o “uso da máquina estatal para prática de qualquer tipo violência, e neste caso em especial contra o ser humano para obtenção de confissões e diante disto, é que peço, em nome do Estado do Paraná, perdão pelas sevícias indesculpáveis cometidas no passado contra a Senhora”.
A defesa dos acusados disse que vai entrar com o processo de pedido de indenização, inclusive em nome da Celina Abagge, mãe de Beatriz, que só não foi condenada por ter idade avançada após a tramitação do processo.