O grupo de advogados que defende o juiz Eduardo Appio, afastado da vara que cuida dos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, apresentou, nesta segunda-feira (5), um pedido questionando o laudo apresentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que apontava a possibilidade de ser dele a voz que ligou para o filho do desembargador Marcelo Malucelli, em abril.

No documento indicado para a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, assinado pelo professor Pablo Arantes, coordenador do Laboratório de Fonética da Universidade Federal de São Carlos, o número de possibilidade de que a voz da gravação seja ou não de Appio é de zero em uma escala de -4 a 4. No laudo apresentado pela Polícia Federal na decisão do TRF-4, o número era de +3.

O magistrado foi afastado do cargo em 22 de maio por suspeita de ter ligado, se passando por um servidor da Justiça Federal, para o filho do então relator dos processos da Lava Jato, desembargador Marcelo Malucelli. O filho dele, João Malucelli, é sócio do ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil).

Depois da ligação, o desembargador pediu para deixar a relatoria e denunciou Eduardo Appio por supostamente ser o autor do telefonema em que tentava informações de maneira indevida. Em decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Appio foi afastado do cargo.

Por outro lado, o juiz pediu para que o CNJ investigasse a conduta do tribunal. O conselho decidiu realizar, na semana passada, uma auditoria tanto na sede do tribunal que o afastou do cargo quanto na vara que cuida da Operação Lava Jato. O objetivo é verificar se há irregularidade na conduta dos magistrados.

Dentre os locais que passaram por investigação, está o gabinete do desembargador Marcelo Malucelli. No dia 29 de maio, Appio ingressou com um pedido para que o CNJ investigasse ainda a conduta dos magistrados em seu afastamento. Para a defesa dele, houve parcialidade na decisão. Os advogados questionam o fato dele não ter sido ouvido antes de ser retirado.

O juiz acabou sendo substituído por Gabriela Hardt, que cuidou de processos da Operação Lava Jato em duas oportunidades. Porém, ela pediu para sair do cargo para assumir funções como juíza em Santa Catarina. Para a auditoria, são solicitados documentos, sigilosos ou não, da vara que cuida da Operação Lava Jato e da 8ª Turma do TRF-4.