A defesa do juiz Eduardo Appio, afastado do comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, afirmou que irá recorrer da decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que o manteve afastado do cargo. Na decisão, publicada nesta segunda-feira (18), o corregedor responsável pelo caso, Luís Felipe Salomão, considerou plausíveis as acusações que o retiraram da função.

A defesa disse para a CBN Curitiba que respeita a decisão do corregedor, mas que irá recorrer administrativa e judicialmente por discordar de seus fundamentos. Salomão considerou que a conduta de Appio aparentou configurar possível ameaça a desembargador, e que por isso, ele seguiria afastado do cargo.

Juiz Eduardo Appio, afastado do comando da 13ª Vara Federal de Curitiba. Foto: Justiça Federal/Reprodução.

Appio foi afastado do cargo em 22 de maio por suspeita de ter ligado, se passando por um servidor da Justiça Federal, para o filho do então relator dos processos da Lava Jato, desembargador Marcelo Malucelli. O filho dele, João Malucelli, é sócio do ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil).

Depois da ligação, o desembargador pediu para deixar a relatoria e denunciou Eduardo Appio por supostamente ser o autor do telefonema em que tentava informações de maneira indevida. Em decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Appio foi afastado do cargo. Depois, ele decidiu recorrer no CNJ da decisão.

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Corregedor decide manter Eduardo Appio afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba


Porém, o corregedor afirmou que existem elementos que apontam que o investigado utilizou de dados e informações do sistema eletrônico da Justiça Federal para obter informações, se passando por servidor do tribunal. Para o ele, a utilização dessas informações representou conduta gravíssima apta a justificar o afastamento provisório do magistrado sob investigação.

Defesa de Appio afirma que vai recorrer de decisão do CNJ que o manteve afastado do cargo. Foto: Justiça Federal/Reprodução.

O juiz apontou ainda que o procedimento administrativo respeitou os processos legais, abrindo espaço para o contraditório, e que não há qualquer circunstância que autorize qualquer suspeita por parte da ação da corregedoria, sem qualquer prejuízo de surgirem elementos que mostrem outro tipo de conclusão.

Na época do afastamento, o CNJ determinou a realização de uma auditoria na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, onde passam os processos da Operação Lava Jato. Procurada pela CBN Curitiba, a Justiça Federal do Paraná informou que não vai se pronunciar sobre a apuração em curso, uma vez que o processo de correição está em segredo.