Investir em Bitcoin é um bom negócio? Sempre me fazem essa pergunta. Para quem não sabe do que se trata, Bitcoin é divulgada como sendo uma criptomoeda definida mais ou menos assim:

O Bitcoin é uma criptomoeda, ou seja, é uma moeda digital, que funciona como meio de pagamento e como uma forma de investimento, que nasceu em 2009, não tem existência física, não é emitida por nenhum governo e não é controlada por nenhum banco central.

Ouça a coluna Economia & Finanças desta segunda-feira (16):

O Bitcoin é tido como um dinheiro virtual cujo preço varia constantemente. Eu gosto de dizer que Bitcoin é um criptoativo, mas não é uma criptomoeda, por não ter as funções clássicas de moeda. Moeda é um instrumento que cumpre três funções: 1) é instrumento de troca; 2) é medida de valor; 3) é reserva de valor.

Como instrumento de troca, a moeda é aceita como meio de pagamentos e recebimentos, tem curso legal, é garantida pelo governo. Como medida de valor, os bens, serviços e direitos têm preços representados pela moeda. Como reserva de valor, a moeda é um ativo que pode ser poupado e emprestado mediante juros.

O Bitcoin ou qualquer outra “criptomoeda” não é instrumento de troca e não é medida de valor. Das três funções da moeda, ela pode ser usada como reserva de valor. Então, eu não chamo o Bitcoin nem outras similares que há por aí de criptomoedas; eu chamo de criptoativos.

Uma ressalva: talvez vejamos daqui para a frente os criptoativos se tornarem instrumentos de troca e começarem a ser aceitos como meio de pagamento… portanto, caminhando para se tornarem moedas, criptomoedas.

Por fim, por que o preço do Bitcoin sobe ou cai? Pela mesma razão que sobe e desce o preço do tomate, da batatinha ou de qualquer produto: relação entre a oferta e a demanda.

A procura pelo Bitcoin (pessoas querendo comprá-lo) e sua disponibilidade à venda (pessoas querendo vendê-lo) são as duas grandes forças que determinam o preço de um Bitcoin. Quando a procura é maior que a oferta, o preço sobe.

Quando há poucas pessoas querendo comprá-lo e muitas querendo vendê-lo, seu preço cai. Se um dia começar a haver mais vendedores do que compradores, a cotação vai cair.

Pense nisso.

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.