Comecemos com uma questão essencial: o Brasil é um país pobre e, como prova, vou citar apenas um dado: medido pelo padrão do dólar PPC, paridade de poder de compra, o produto brasileiro por habitante equivale a 23,5% do produto por habitante dos Estados Unidos. Ou seja, é pouco mais que um quinto.

Essa informação sozinha revela que em termos médios gerais, os quase 204 milhões de brasileiros formam uma população pobre. Claro que há algumas camadas de classe média alta, alta e alguns super-ricos.

Historicamente, entre os fatores que mantiveram o Brasil na pobreza estão quatro: a inflação, o baixo investimento em capital físico, sobretudo na infraestrutura física, a baixa qualidade da educação básica e a elevada tributação.

A primeira constatação, já provada ao longo da história mundial, é que o produto por habitante – ou renda per capita, que é a mesma coisa – precisa crescer até um nível mínimo para proporcionar bom padrão médio de vida da população, eliminar a miséria e manter baixos índices de pobreza.

Estima-se que, a partir de 25 mil dólares, a renda por habitante é capaz de colocar o país no grupo dos desenvolvidos. O Brasil tem pouco mais da metade desse valor.

Então, se a prioridade número um, a maior de todas, é fazer o produto da nação crescer a taxas relativamente altas, a sociedade e governo deveriam trabalhar em todas as frentes para remover todos os obstáculos e freios ao crescimento do produto do país.

Isso significa dizer que o objetivo deveria ser retirar os freios ao investimento privado, ao empreendedorismo e facilitar ao máximo a criação de negócios e produtos.

Roberto Campos, o velho, gostava de repetir uma lição: “O respeito ao produtor de riqueza é o começo da solução da pobreza”. Se há um país que tinha tudo para ser atrasado e pobre é Hong Kong.

Sem recursos naturais, uma história eivada de revés político, sem atrativos econômicos, Hong Kong, apesar disso, tornou-se um dos países mais ricos do mundo, com renda per capita equivalente a quase 4 vezes a brasileira.

O que permitiu o surto de progresso de Hong Kong? Foi um choque de capitalismo, liberdade de mercado, legislação altamente favorável ao investimento privado, abertura ao exterior, ambiente jurídico estável, tributação simples e moderada.

Eu fico intrigado por não ver os políticos brasileiros, não os atuais, mas os de sempre, fazendo o óbvio: observar o mundo, estudar os países que se desenvolveram e, uma vez conhecidas as bases para a promoção do progresso, tomar como prioridade a missão de implantar no Brasil as bases do que já deu certo. Infelizmente, o Brasil está como o sujeito que, ainda jovem, adquiriu tantos vícios e, após décadas de vícios, está doente, mas não consegue mais se livrar dos vícios assassinos… e morrerá com eles e por causa deles.

Países não morrem, apenas continuam pobres e miseráveis. Será que esse será o destino do Brasil? Pense nisso!

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.