Depois de afirmar que enviaria uma carta pedindo perdão para os familiares de Evandro Ramos Caetano e Leandro Bossi, duas crianças que desapareceram em Guaratuba, no Litoral do Paraná, há quase 30 anos, o secretário de Justiça e Trabalho do Governo do Paraná, Ney Leprevost, afirmou que também vai pedir perdão aos acusados pelo desaparecimento e morte de Evandro.
Leandro Bossi desapareceu em fevereiro de 1992. Na época, o menino tinha apenas sete anos e, desde então, nenhuma informação foi descoberta sobre o paradeiro dele e o que aconteceu.
Já Evandro Ramos Caetano, na época com seis anos de idade, desapareceu no dia 06 de abril de 1992, quando seguia para a escola. Cinco dias depois, o corpo dele foi encontrado e a polícia afirmou que ele tinha sido vítima de um ritual satânico. O caso chegou a ser chamado de “Bruxas de Guaratuba”.
Na ocasião, Beatriz Abagge e Celina Abagge foram acusadas de serem as mentoras do crime. Além delas, o pai de santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente de Paula Ferreira, o artesão Davi dos Santos Soares, além de Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos também foram acusados de envolvimento na morte de Evandro.
No entanto, em ambos os casos, possíveis erros cometidos pelas forças de segurança da época impediram que eles fossem solucionados de forma a descobrir, de fato, o que aconteceu.
No ano passado, fitas em áudio com os depoimentos feitos pelos acusados da morte de Evandro, por exemplo, foram divulgadas pelo jornalista Ivan Mizanzuk. Nessas fitas, suspeita de torturas cometidas contra os acusados para que eles confessassem o crime.
Ney Leprevost frisa que, a partir da tortura para a confissão dos crimes, todo o trabalho investigativo pode ser invalidado.
O secretário frisou ainda que tornou todos os documentos públicos para que, inclusive, o advogado dos réus, possa adotar as medidas cabíveis no caso e, até mesmo, pedir a anulação do julgamento.
Na carta endereçada à Celina Abagge, Ney Leprevost ressalta que não tem prerrogativa para declará-la inocente das acusações, nem mesmo para anular o julgamento.
A carta diz ainda que na época dos fatos, o grupo de questionável legalidade designado pelo Estado para desvendar quem cometeu os horríveis e covardes crimes contra estas crianças, não só foi incapaz de fazê-lo assim como gerou uma série de danos.