O aumento no número de pessoas circulando de bicicleta por Curitiba está modificando a gestão urbana da cidade e o funcionamento dos sistemas de transporte. É o que mostram pesquisas realizadas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e também a Tembici, empresa que oferta bicicletas para locomoção.

A pesquisa da PUC-PR tinha como objetivo compreender o impacto do uso de bicicletas no transporte público e, consequentemente, na redução das emissões de gases poluentes em Curitiba.

Segundo os dados do Grupo de Pesquisas em Cidade Digital Estratégica responsável pelo estudo, uma bicicleta retira até 52 passageiros por mês do transporte público. Além disso, para cada quilômetro adicional de ciclovias implantadas, há um aumento de 333 bicicletas em circulação.

Os dados também mostraram relação entre aumento na tarifa do transporte e a procura pela bicicleta como alternativa. A pesquisa aponta que a cada R$ 0,10 de reajuste na tarifa do transporte coletivo, o número de bicicletas no município aumenta em 1.068 unidades, assim como são acrescidas 1.520 unidades à quantidade de bicicletas da cidade quando o preço dos combustíveis sobe R$ 0,10.

O pós-doutor em Gestão Urbana pela PUCPR, Luis André Fumagalli, explica que a pesquisa é importante para auxiliar as administrações municipais no planejamento urbano relacionado ao equilíbrio e manutenção do transporte público, que quando perde demanda costumar encarecer a passagem.

Nesse contexto, as bicicletas podem ser grandes aliadas desde que haja uma integração correta com o transporte tradicional da cidade.

Além disso, para planejamento urbano do futuro é preciso entender o que leva a população a novos comportamentos, como a preferência da bicicleta ao transporte coletivo. Foi isso que mostrou a pesquisa realizada pela Tembici em Curitiba no mês de setembro.

Dos 988 usuários de bicicleta entrevistados, 76% confirmaram que usam o serviço de bicicletas compartilhadas para evitar o trânsito. Em seguida, 71% também afirmaram perder mais de uma hora por dia no trânsito. O coordenador de comunicação da Tembici, Roni Silva, disse que os dados mostram o trânsito como fator crucial na decisão da locomoção dos entrevistados.

A pesquisa da Tembici também abordou a saúde das pessoas. A maioria, 58% afirmaram que se sentem mais estressados no trânsito e 55% também concordaram que o trânsito os faz perder tempo no qual poderiam estar se exercitando.

Já a pesquisa da PUC-PR também abordou o fator ambiental, apontando que diante do avanço das mudanças climáticas, aumentou a preocupação dos governos em reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Segundo os dados, a área de transporte está entre as três que mais emitem gases de efeito estufa (GEE) no Brasil. O setor foi responsável por 16% das emissões desses gases no país em 2022.