Por Bruno de Oliveira e Andressa Tavares

Após repercussão, a Polícia Civil do Paraná passou a investigar e tratar o caso de agressão a um músico negro no centro de Curitiba como injúria racial. Odivaldo Carlos da Silva, de 55 anos, foi agredido por um homem branco enquanto andava pela Rua Doutor Faivre, na última terça-feira (22).

A violência foi captada por câmeras de segurança e as imagens divulgadas dias depois. O homem foi identificado pela Polícia como Paulo Cezar Bezerra da Silva.

Neno, como é conhecido, é abordado pelo criminoso com agressões verbais, de cunho racista, e físicas. O homem dá vários golpes no músico com o cassetete e incentiva o cachorro que o acompanhava a mordê-lo. A vítima conversou com a CBN sobre o que passou.

Uma testemunha que passava pelo local chamou a Polícia Militar. Em entrevista à CBN, a mulher, que pediu para não ser identificada, conta o que viu.

A testemunha disse que foi ameaçada ao tentar abordar o homem junto com um agente de limpeza urbana que trabalhava no local. A mulher afirmou que prestou apoio à vítima. Enquanto atacava o músico, o agressor dizia que o homem era morador de rua e tinha que apanhar, segundo ela.

A Polícia Militar confirma que foi acionada, mas diz que só conseguiu deter o agressor momentos depois. Com ele, foram localizados o cassetete, utilizado para agredir o músico, e uma faca. O crime, naquele dia, foi registrado como lesão corporal leve e o criminoso foi liberado.

A Polícia Civil do Paraná afirmou que o inquérito por injúria racial foi aberto diante de novos desdobramentos. Na delegacia, a vítima foi ouvida na manhã desta segunda-feira (28), quase uma semana após o ocorrido.

Já o agressor, que havia sido liberado na semana passada, quando o caso foi tratado apenas como lesão corporal leve, deve ter o depoimento agendado para os próximos dias, informou a Polícia Civil à CBN.

Já na Justiça, uma audiência está marcada apenas para 20 de março de 2023, mais de 100 dias após o crime. Ambos devem ser ouvidos Juizado Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR).

Com o caso agora sendo tratado da forma correta, o agressor pode pegar de um a três anos de prisão. As investigações estão com o 1º Distrito Policial.

Neno contou à CBN que foi chamado para prestar depoimento na delegacia na manhã desta segunda-feira (28). No local, aconteceu uma manifestação popular. Para o músico, o fato de a agressão não ser mais tratada como uma simples lesão corporal é muito importante.