O Ministério Público do Paraná (MP-PR) solicitou a realização de estudos complementares à Universidade Federal do Paraná (UFPR), para verificar os danos causados às obras que estão sendo realizadas na Orla de Matinhos e também ao meio ambiente, depois da passagem de um ciclone, na última quarta-feira (10).
O Ministério Público quer saber se havia previsão desse tipo de situação em notas técnicas anteriores e quais as consequências ambientais e sociais para a manutenção das obras.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os ventos passaram dos 90 km/h, causaram diversos estragos e assustaram os moradores de Matinhos, Guaratuba e Pontal do Paraná. De acordo com a Defesa Civil, foram registrados destelhamentos, quedas de árvore e de poste, o que deixou muitas pessoas desabrigadas.
Além disso, escolas das cidades atingidas suspenderam as aulas, que voltaram ao normal na sexta-feira (12). As chuvas também interromperam as travessias para a Ilha do Mel e do ferry boat, entre Guaratuba e Matinhos, além de interromper as atividades no Porto de Paranaguá.
Em nota, o Instituto Água e Terra (IAT) esclareceu que avaliou os danos causados nas obras de revitalização da Orla de Matinhos pelo ciclone extratropical. Segundo o IAT, apenas o trabalho realizado para preparar a base onde será construído o espigão, localizado no Pico de Matinhos, foi afetado e será refeito. Eles ainda ressaltaram que nenhuma máquina sofreu danos, assim como a região da engorda de areia na praia.
O IAT ressaltou que não recebeu nenhuma notificação do Ministério Público para avaliar os danos e que não houve rejeição de obra.
Segundo o órgão, o projeto elaborado foi analisado por uma equipe multidisciplinar da Universidade Federam do Paraná, por meio do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, e passou por diversas adequações, com a adesão a sugestões e opiniões de especialistas, além do amplo debate em audiências públicas. Todo o processo é regular e tem o objetivo de melhor as condições da cidade.
O ciclone extratropical é um fenômeno meteorológico e assim que foi identificado pelo Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), o IAT solicitou ao Consórcio Sambaqui medidas de alargamento dos canais da Avenida Paraná e do Rio Matinhos, o que permitiu maior fluidez da água da chuva e evitou grandes alagamentos, mesmo com chuvas acima da média.
No momento da maré cheia, na tarde desta quinta-feira, a faixa de areia estava com a largura de 70 metros. Na praia de Caiobá, onde já foi feita o alargamento, apresentou resultado esperado no projeto executivo da obra e o processo de estabilidade está se concretizando de maneira positiva.
O IAT ressaltou que as obras representam um conjunto de intervenções para amenizar os impactos causados justamente por eventos como este, de ressaca e maré alta.
A Universidade Federal do Paraná informou que fez o encaminhamento da solicitação do Ministério Público ao Comitê Técnico Científico da instituição, que trata de questões socioambientais e territoriais do litoral. De acordo com a UFPR, o Comitê deve entregar uma nota técnica, mas ainda não tem uma data definida.
Para essa semana a Marinha do Brasil já emitiu um alerta de ventos fortes que se estendem pelos estados de Santa Catarina, Paraná chegando até o Rio de Janeiro. Estão previstos ventos com intensidade que vão de 40 e podem chegar a 80 km/h. Essa previsão é para as noites desta segunda e terça-feira.