Uma escola particular de Curitiba virou alvo de um procedimento da Defensoria Pública do Estado após vídeos e prints de conversas viralizarem na internet. No conteúdo, alunos falam em matar pessoas com ideologia partidária contrária, incitam a compra de armas e ainda fazem gestos com saudação nazista.

Uma situação registrada no fim do segundo turno das eleições brasileiras, no dia 30 de outubro, virou procedimento da Defensoria Pública do Paraná (DPE-PR). Uma escola particular é alvo da apuração após alunos criarem grupos de whatsapp incitando crimes como homicídio e também publicarem nas redes sociais vídeos onde aparecem hostilizando colegas com ideologia política contrária, além de terem sido registrados fazendo uma saudação nazista.

Uma denúncia foi feita pela mãe de um aluno, que é advogada, e compilou as mensagens, vídeos, prints e fotos que comprovam as ações. A DPE abriu um procedimento para apurar a conduta da escola e também dos jovens envolvidos.

Em nota, a escola disse na época que repudiava “quaisquer atitudes ou comportamentos que representam todos os tipos de violência, seja ela verbal, simbólica, psicológica ou física”. Nesta quinta-feira (10), a escola disse que ainda não foi notificada sobre o procedimento aberto pela Defensoria Pública.

O coordenador do Núcleo da Infância e Juventude (Nudij) da Defensoria Pública do Estado do Paraná, Fernando Resende, explica que a situação requer cautela, mas que esta é a primeira vez que um procedimento é aberto por questões de intolerância política.

O coordenador-geral do Museu do Holocausto, Carlos Reiss, afirma que o contexto social e histórico deveriam ser suficientes para que cenas, como as registradas na escola, não fossem vistas nos dias atuais.

Em prints, é possível ver a conversa dos alunos, falando sobre a compra de armas e um possível atentado contra a vida do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outra imagem que circula nas redes sociais, mostra uma suástica desenhada por um estudante dentro do refeitório da escola. Para o coordenador-geral do Museu do Holocausto, há um ciclo de intolerância.

A apologia do nazismo com a utilização dos símbolos é crime previsto em lei no Brasil, com pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.

Por meio de nota, o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR) se manifestou sobre o assunto:

O Sinepe/PR e as escolas particulares reforçam o papel da Educação na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Desta forma, não compactuam com comportamentos que fujam ao propósito do ambiente estudantil, o qual deve se pautar pelo respeito e pela diversidade de opiniões. A entidade reforça ainda que condutas ilícitas devem ser reportadas às autoridades competentes.