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O advogado do músico Odivaldo Carlos da Silva, de 55 anos, que foi agredido e vítima de racismo no Centro de Curitiba, afirma que houve erro da Polícia Militar ao conduzir o caso e pede que o agressor seja investigado por tentativa de homicídio qualificado. A declaração foi dada na manhã desta segunda-feira (28), após depoimento da vítima no 1° Distrito Policial, na capital.

Neno, como é conhecido, foi abordado por Paulo Cezar Bezerra da Silva na Rua Doutor Faivre, na terça-feira (22), que o agrediu com golpes de cassetete. Um cachorro, que andava com o agressor, também foi utilizado para atacar o músico.

Para o advogado José Carlos Portela Júnior, a Polícia Militar, que foi acionada por testemunhas que presenciaram a agressão, errou ao considerar o caso como lesão corporal e ter lavrado apenas um termo circunstanciado. Após a polêmica, a Polícia Civil abriu inquérito e passou a investigar o caso como injúria racial.

O advogado afirma ainda que pretende que o caso seja investigado como tentativa de homicídio qualificado. A decisão da Polícia Civil se o caso será tratado dessa maneira será tomada após a oitiva do acusado, que deve acontecer nos próximos dias. Além disso, as testemunhas também serão ouvidas.

O presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Paraná, Saul Dorval da Silva, afirmou que houve falha da Polícia Militar ao registrar o caso como lesão corporal. Ele acompanhou o depoimento e também solicitou que o caso seja investigado como homicídio.

A Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), por meio do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH), abriu um procedimento administrativo, de natureza cível para acompanhar o caso. A DPE informou que pedirá informações aos órgãos de investigação sobre o episódio e cobrará que o caso seja esclarecido rapidamente.

Após sair do depoimento, o músico agradeceu o apoio da população e afirmou como é importante denunciar para que casos do tipo não voltem a acontecer.

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que no primeiro boletim de ocorrência, registrado pela Polícia Militar na terça-feira (22), a injúria racial não foi mencionada nas agressões, e que as informações de injúrias de cunho racial foram mencionadas somente em complemento do boletim de ocorrência registrado pela família da vítima, na quinta-feira (24)

Por: Bruno Oliveira