Um adolescente de 13 anos foi atropelado por um trem na tarde deste domingo (10) em Curitiba. O acidente aconteceu por volta das 16h40, na Rua Hussein Ibrahim Omairy, no bairro Sítio Cercado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o jovem sofreu ferimentos moderados e foi encaminhado para atendimento médico.

O caso ocorre em meio à preocupação crescente com a segurança nas passagens de nível da capital. Em 22 de julho, outro acidente envolvendo um trem de carga e um ônibus biarticulado deixou 11 pessoas feridas no bairro Cabral.

A batida foi registrada por volta das 23h30, na Avenida Paraná, próximo ao terminal de transporte coletivo. O impacto atingiu uma das articulações do ônibus, que chegou a partir ao meio.

Segundo os bombeiros, duas vítimas foram levadas a hospitais conscientes e sem risco de morte, enquanto outras nove receberam atendimento no local. No momento da colisão, o coletivo transportava 25 passageiros.

O motorista do ônibus passou pelo teste do etilômetro. O maquinista do trem relatou ter acionado a buzina e os freios de emergência antes da passagem. A Rumo, responsável pela operação ferroviária, afirmou em nota que o condutor do ônibus teria desrespeitado a sinalização. A URBS informou que vai apurar as circunstâncias do acidente.

O prefeito Eduardo Pimentel (PSD) usou as redes sociais para manifestar preocupação e reiterou a defesa da retirada do traçado ferroviário da área urbana de Curitiba, cobrando do governo federal e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a construção de um contorno ferroviário.


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A prefeitura avalia que, de forma imediata, é possível fortalecer a sinalização nos cruzamentos com linha férrea. Segundo a URBS, o investimento estimado fica entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões. A proposta inclui a instalação de semáforos, cancelas e luzes intermitentes com sinais sonoros.

O município informou que tem se reunido com a concessionária responsável pela ferrovia para definir como avançar com o plano e busca alternativas para financiar o projeto.

Falta de segurança

O especialista em trânsito, Celso Mariano, aponta que a retirada das linhas férreas das áreas urbanizadas, com a construção de um anel ferroviário, seria a solução mais segura e definitiva, mas alerta que a medida exige avaliação econômica cuidadosa para não comprometer a logística do transporte de cargas.

Enquanto isso não ocorre, ele defende a adoção de todos os recursos técnicos possíveis para aumentar a segurança nas passagens de nível, como sincronização entre a passagem dos trens e semáforos, sinalização clara e efetiva a uma distância que permita reação adequada, e atenção aos horários de circulação, que têm variado e criado riscos adicionais.

Celso Mariano também destaca que, embora a sinalização básica como a placa de parada obrigatória esteja presente, pedestres e ciclistas permanecem vulneráveis devido à falta de educação para o trânsito abrangente e contínua, prevista em lei, mas pouco praticada.

Segundo a avaliação, a combinação de pouca comunicação, sinalização insuficiente e fiscalização limitada aumenta a exposição a acidentes e exige maior conscientização de todos os envolvidos.

De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), apesar da queda de 34% no número de acidentes na comparação entre 2023 e 2024, Curitiba foi a capital que mais registrou incidentes com trens no ano passado. Em 2024, foram 29 ocorrências na capital. Em todo o estado, foram 139 no mesmo período. Já em 2023, foram registrados 44 acidentes na cidade e 140 no estado.

Por meio de nota, a Rumo, reponsável pela administração da linha férrea, reforçou a importância do respeito às leis e diretrizes de segurança, ressaltando especialmente que pais e responsáveis orientem e redobrem a atenção com crianças e adolescentes. Pedestres devem utilizar apenas passagens autorizadas, manter distância dos trilhos e nunca caminhar sobre eles. Motoristas, por sua vez, devem sempre parar antes de cruzar a ferrovia, observar a sinalização e certificar-se de que não há trens se aproximando.