O regime de previdência social dos trabalhadores do setor privado é o chamado “regime geral de previdência social”, o INSS. Esse sistema é com base no princípio da solidariedade entre gerações, ou seja, os trabalhadores de hoje pagam sua contribuição para sustentar hoje as aposentadorias dos trabalhadores do passado.

Se você é um trabalhador ou contribuinte autônomo do INSS, sua aposentadoria lá no futuro será paga por aqueles que estiverem trabalhando e contribuindo lá no futuro. Esse sistema vem se deteriorando há muitos anos, sobretudo em razão das mudanças demográficas no país em função da queda do número de filhos por mulher e do aumento da população de idosos.

Lembro que, nos anos 1960, a relação entre trabalhadores contribuintes e aposentados era de 8 por 1. Ou seja, para cada pessoa recebendo aposentadoria havia oito contribuintes com o INSS.

Atualmente, há menos de 2 contribuintes para cada beneficiário do INSS. O resultado é simples: o total arrecadado não é suficiente para cobrir todas as despesas.

Em 2023, a receita do INSS foi de R$ 592 bilhões e a despesa foi de R$ 898 bilhões, portanto, o déficit foi de R$ 306 bilhões. Ou seja, a receita cobre apenas 66% da despesa.

Esse déficit de R$ 306 bilhões comparado com o PIB do ano passado, que foi de R$ 10,9 trilhões, representa 2,8% do PIB. Ressalva: estamos falando do déficit apenas do INSS. Os funcionários públicos, os militares e os políticos funções públicas têm seu regime próprio, portanto, estão fora dessa conta que citei.

Só para constar, o regime próprio dos funcionários públicos teve déficit em 2022 de R$ 235 bilhões. Somando os dois déficits, do INSS e dos funcionários públicos, temos R$ 541 bilhões de déficit, ou seja, 5% do PIB. É um rombo grande.

Sendo assim, se você não é funcionário público, não é militar nem é político ocupando cargo no sistema estatal, não coloque seu futuro nas mãos desse sistema.

No futuro, o INSS vai ficar mais caro para o trabalhador e os valores de aposentadorias vão diminuir, ou as duas coisas vão acontecer. Logo o Brasil vai ter que fazer outra reforma da previdência.

Por fim, trate de cuidar de sua vida financeira e de sua própria aposentadoria sem depender da previdência social pública.

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.