No Paraná, 78,7% das cidades enfrentam falta de vacinas, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Dos 399 municípios, 155 passam por essa situação. Em todo o estado, há falta de vacinas contra a Covid-19, varicela e meningocócica C. Em todo o Brasil, em 64,7% dos Municípios há falta de insumos para imunizar a população, principalmente as crianças. O levantamento foi produzido entre os dias 2 e 11 de setembro e contou com a participação de 2.415 Municípios.

Ivana Maria Saes Busato, coordenadora dos cursos superiores de Tecnologia e Gestão Hospitalar e Gestão de Saúde Pública da Uninter e especialista em Saúde Coletiva e Administração Pública, analisa o momento e afirma ser necessário uma cobrança maior para que as autoridades disponibilizem os imunizantes.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Ministério da Saúde pontuou que há um desabastecimento nacional das doses da vacina Covid-19 em frasco multidose, recomendada para crianças de 6 meses a menores de 5 anos e crianças de 5 a 11 anos que fazem parte dos grupos prioritários. A Sesa informa ainda que recentemente o Paraná recebeu o quantitativo de mil doses, que já foram dispensadas nas 22 Regionais de Saúde e não há, por parte do Ministério da Saúde, nova previsão de reposição aos estados. Cada município pode definir as estratégias de vacinação para otimizar a aplicação dessas doses.

No caso da falta do imunizante contra a varicela, o Ministério da Saúde esclarece que o laboratório responsável pela produção da vacina contra a varicela tem enfrentado problemas técnicos que afetaram a regularidade da distribuição desde 2023. Para sanar essa questão, a pasta informou que está fazendo aquisições emergenciais com outros fornecedores nacionais e internacionais. Ainda assim, a capacidade de fabricação e de entrega dos laboratórios não atende à necessidade integral do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Dessa forma, o estoque estratégico disponível está sendo distribuído de forma restrita para atender à rotina enquanto não houver restabelecimento do fornecimento total.

As próximas entregas de vacinas ao Ministério da Saúde estão programadas para o segundo semestre de 2024, com perspectivas de regularização do fornecimento em 2025. Cabe informar que a criança poderá completar seu esquema vacinal assim que os estoques forem restabelecidos de vacina varicela.

Já sobre a vacina meningoccócica C, o laboratório produtor reprogramou as entregas de 2024. Há um possível cenário de contingenciamento para o imunizante nos próximos meses, com a possibilidade de usar a vacina meningocócica ACWY (conjugada) no esquema alternativo de imunização, substituindo a vacina meningocócica C nos estados e municípios que tenham estoque disponível da ACWY. O Ministério da Saúde informou que um quantitativo adicional da vacina ACWY está em processo de aquisição junto aos laboratórios nacionais e ao fundo rotatório da OPAS.

A pesquisa da CNM aponta que os Municípios sinalizaram a falta de vacinas há mais de 30 dias, e outros há mais de 90 dias. O estudo da CNM questionou os Municípios sobre quais as vacinas que estavam em falta e o imunizante Varicela foi a de maior predominância, não chegando a 1.210 Municípios. A CNM destaca que esta vacina é utilizada para fazer o reforço das crianças de 4 anos contra a catapora.

A vacina para proteger as crianças contra o vírus da Covid-19 é a segunda mais em falta. O imunizante apresentou falta em 770 Municípios, com uma média de 30 dias de atraso. A vacina Meningocócica C está em falta em 546 Municípios, com uma média de 90 dias sem o imunizante. Esta última protege as crianças contra bactéria que pode causar infecções graves e fatais, como a meningite.