Os setores da indústria e agricultura paranaense temem prejuízos “imensuráveis” após os Estados Unidos anunciarem que vão taxar em 50% os produtos brasileiros a partir do dia 1°de agosto.
A reação foi imediata por parte dos principais representantes destes setores no Paraná, cobrando ações do Governo Federal para um possível acordo sobre as tarifas. Ouça a reportagem:
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Agricultura paranaense teme prejuízos significativos
Por meio de nota, a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) disse que a medida “pode causar prejuízos significativos aos produtores paranaenses e de todo o Brasil”. Para o técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, Anderson Sartorelli, o estado pode perder competitividade com as tarifas.
Em nota, a Federação também disse ser fundamental que o Governo Brasileiro “busque preservar nossos acordos comerciais e minimizar os impactos sobre quem trabalha no campo”.
A entidade defende que não há uma justificativa de cunho econômico para a nova política adotada pelos Estados Unidos.
Setor madeireiro poderia ser um dos mais afetados
Entre os diversos produtos exportados pelo Paraná aos EUA, o estado exportou mais de 681 milhões de dólares em produtos florestais em 2024; U$ 627 milhões e 833 mil em madeira e pouco mais de 79 milhões de dólares em café.
Justamente por representar a maior parte das exportações, o setor madeireiro também levanta preocupação com a tarifa. O presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Fabio Brun, lembra que o país já havia sido tarifado no início do ano.
G7 Paraná pede agilidade ao governo brasileiro
A repercussão também foi grande dentro do G7 Paraná — grupo que reúne sete grandes entidades do setor produtivo paranaense (Fecomércio, Faciap, Faep, Fiep, Fetranspar, Ocepar e ACP).
O G7 recomendou, em nota, “que as autoridades federais abram canais de diálogo efetivos com o governo norte-americano, buscando a anulação dessa medida e, assim, evitando prejuízos imensuráveis para a economia nacional”.
O coordenador do grupo, Sérgio Malucelli, disse que o país não pode fechar as portas para a principal economia do mundo.
Indústria paranaense pede diálogo entre os países
Já a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), informou que está avaliando os possíveis impactos para os diferentes segmentos do setor industrial paranaense.
Em nota, a Federação disse que “aguarda o posicionamento do governo brasileiro em relação a essa medida, esperando que sejam abertos canais de diálogos efetivos para se buscar, junto ao governo norte-americano, a anulação dessa taxação, evitando-se assim prejuízos imensuráveis para a economia nacional”.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também manifestou preocupação sobre a decisão de Trump
Em nota, a frente disse que a nova alíquota “ produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”.
A Frente também defendeu uma resposta por parte do Governo do Brasil e afirmou que a diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas.
Justificativas políticas e econômicas
Na carta enviada ao presidente Lula, Donald Trump fez o anúncio das tarifas alegando injustiças no processo que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe, ação que chamou de “Caça às Bruxas”.
O presidente americano também disse que há uma “relação comercial de longa data e muito injusta” gerada por políticas tarifárias do Brasil, o que teria causado”déficits comerciais insustentáveis aos Estados Unidos”.
Leia a carta na íntegra
“Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros Líderes de Países. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Devido em parte aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (conforme recentemente ilustrado pela Suprema Corte brasileira, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS às plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todo e qualquer Produtos brasileiros enviados para os Estados Unidos, desvinculados de todas as Tarifas Setoriais. As mercadorias transbordadas para fugir desta Tarifa de 50% estarão sujeitas a essa Tarifa mais elevada.
Além disso, tivemos anos para discutir nossa relação comercial com o Brasil e concluímos que devemos nos afastar da relação comercial de longa data e muito injusta gerada pelas políticas tarifárias e não-tarifárias e pelas barreiras comerciais do Brasil. Nosso relacionamento tem estado, infelizmente, longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que o número de 50% é muito menor do que o necessário para termos condições de concorrência equitativas que devemos ter com o seu país. E isso é necessário para retificar as graves injustiças do atual regime.
Como você sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira, em outras palavras, em questão de semanas.
Se por algum motivo você decidir aumentar suas tarifas, então, qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, será adicionado aos 50% que cobramos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não-tarifárias e barreiras comerciais do Brasil, causando esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos.
Este défice é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, devido aos contínuos ataques do Brasil às atividades de comércio digital de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais injustas, estou instruindo o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301.
Se você deseja abrir seus mercados comerciais até então fechados para os Estados Unidos e eliminar suas políticas e barreiras comerciais tarifárias e não-tarifárias, talvez consideraremos um ajuste nesta carta.
Estas Tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo da nossa relação com o seu País. Você nunca ficará desapontado com os Estados Unidos da América.
Obrigado pela sua atenção a este assunto!”








