Os bares de Curitiba registraram uma mudança no padrão de consumo de bebidas após a repercussão nacional dos casos de intoxicação por metanol em produtos adulterados. Segundo empresários do setor, a procura por cerveja e chope aumentou, enquanto os destilados têm sido evitados por muitos clientes.
O Ministério da Saúde atualizou para 11 o número de casos confirmados de contaminação por metanol, todos em São Paulo. Há ainda cerca de 50 notificações suspeitas em análise. O Paraná não registrou ocorrências, mas entidades do setor afirmam que o mercado está em alerta.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fabio Aguayo, a orientação tem sido reforçar a compra de bebidas apenas de distribuidores autorizados, com nota fiscal e lacres de fábrica, para garantir a procedência e a segurança do consumidor.
Ele destacou que os estabelecimentos também estão apoiando iniciativas de lei que exijam a inutilização de garrafas após o consumo, para evitar que embalagens sejam reutilizadas por falsificadores. Além disso, Aguayo lembrou que os ambulantes que atuam em frente a bares, baladas e eventos também representam um risco.
Enquanto isso, entidades nacionais como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) estão promovendo treinamentos online gratuitos para auxiliar empresários a identificar sinais de falsificação em garrafas, tampas, rótulos e até no próprio líquido.
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A capacitação alerta para detalhes de segurança que podem indicar adulteração, como imperfeições nas tampas, ausência de holografia progressiva nos selos fiscais e diferenças na coloração entre garrafas idênticas. Segundo o diretor-executivo da Abrasel no Paraná, Luciano Ferreira Bartolomeu, os cuidados precisam ser ampliados.
Do ponto de vista da saúde, os riscos da ingestão de metanol são graves. A médica oftalmologista Vanessa Brandão, do Hospital Angelina Caron, explicou que os sintomas começam poucas horas após a ingestão, com dores de cabeça intensas, náuseas e alterações visuais.
Em casos graves, a intoxicação pode levar à morte. A médica ressaltou que o metanol também é um tipo de álcool, mas diferente daquele presente nas bebidas. O produto é utilizado na indústria como solvente, combustível ou produto de limpeza. No caso de ingestão, é preciso agir rapidamente.
Orientações
Para especialistas e empresários, além da conscientização dos consumidores, a prevenção depende do fortalecimento da fiscalização e da responsabilidade na aquisição de bebidas, já que a adulteração continua sendo uma ameaça real em todo o país. Em caso de emergência, além de procurar o atendimento médico, é possível acionar o Disque-Intoxicação pelo número 0800 722 6001.
