O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) anunciou nesta sexta-feira (1º) uma nova linha de crédito emergencial voltada às empresas paranaenses impactadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida busca amenizar os prejuízos causados principalmente a exportadores de madeira reflorestada, carnes, cerâmica, móveis, mel, chá, café e erva-mate.


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O crédito inicial disponibilizado pelo BRDE é de R$ 200 milhões, com foco no financiamento de capital de giro. As condições incluem prazo de cinco anos para pagamento, um ano de carência e taxa de juros de IPCA + 4% ao ano, índice abaixo da maioria das linhas disponíveis no mercado. Podem solicitar o crédito empresas e cooperativas exportadoras que comprovem prejuízos diretos com a medida norte-americana, como histórico de exportações, queda de receitas, demissões ou férias coletivas.

Limite por empresa

O BRDE vai financiar valores entre R$ 500 mil e R$ 10 milhões por empresa, a depender da capacidade de pagamento de cada tomador. Para contratos em andamento que enfrentam dificuldades em razão das exportações, a instituição poderá analisar a postergação de parcelas. Solicitações acima do teto de R$ 10 milhões serão encaminhadas para outras linhas de financiamento disponíveis no banco.

Apoio do Estado

Para viabilizar o crédito com juros mais acessíveis, o Governo do Paraná destinará R$ 43 milhões em dividendos do BRDE, garantindo lastro financeiro para a operação. Já a Fomento Paraná ficará responsável por atender empresas com necessidades de financiamento abaixo de R$ 500 mil. A instituição oferece microcrédito e linhas especiais para pequenos empreendedores, com atendimento personalizado. Atualmente, há R$ 200 milhões disponíveis para aplicação em micro e pequenas empresas, incluindo renegociações.

Setores prejudicados

A nova tarifa foi confirmada pelo presidente Donald Trump no dia 30 de julho e entra em vigor no próximo dia 6 de agosto. Embora o decreto mencione isenções para produtos como “madeira tropical”, a medida não contempla a principal produção madeireira do Paraná, que é de reflorestamento. Além da madeira, outros setores fortemente impactados são os de café, chá, carnes, couro, mel, móveis, peixes, cerâmica e erva-mate, todos fora da lista de exceções.

Baixo índice de isenção

Segundo levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), apenas 2,7% dos produtos exportados pelo Paraná aos Estados Unidos em 2024 foram incluídos na lista de exceções, o equivalente a US$ 42,4 milhões de um total de US$ 1,59 bilhão. No Brasil, o índice de isenção é muito maior: 43,4%, conforme dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AMCHAM).

A diferença ocorre porque itens relevantes na balança comercial nacional, como petróleo bruto, aviões e ferro, não estão entre os principais produtos exportados pelo Paraná.

Medidas complementares

Além do crédito, o Governo do Estado anunciou outras medidas de apoio aos setores atingidos, como o uso de créditos de ICMS homologados no Siscred para reforço de caixa e a postergação de compromissos de investimentos já assumidos por empresas. Também está em análise um aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) para ampliar a oferta de recursos com juros baixos.

A Secretaria da Fazenda do Paraná informou que segue monitorando os impactos econômicos da medida norte-americana e mantém diálogo com setores produtivos e entidades representativas para garantir apoio aos empresários paranaenses.

Com informações da AENPR