O governo do Paraná anunciou uma série de medidas para tentar conter os efeitos da tarifa de 50% que os Estados Unidos pretendem aplicar sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A partir desta segunda-feira (28), empresários poderão acessar os serviços.
A decisão foi tomada após reuniões com representantes da indústria paranaense ao longo da semana. Participaram dos encontros para debater a questão dirigentes da Secretaria da Fazenda, da Receita Estadual e de outras pastas ligadas à área econômica.
As medidas anunciadas pelo governo do Paraná incluem oferta de crédito, flexibilização de prazos de investimentos e uso de créditos de ICMS registrados no Sistema de Controle da Transferência e Utilização de Créditos Acumulados (Siscred).
SAIBA MAIS:
Esses valores poderão ser convertidos em dinheiro ou usados como garantia para novos financiamentos. Segundo o governo, os efeitos da tarifa ainda são incertos, e novas ações poderão ser adotadas nas próximas semanas.
O secretário de Estado da Fazenda, Norberto Ortigara, disse em entrevista à CBN Curitiba que o Paraná está disposto a colocar mais recursos com o objetivo de ajudar empresários afetados pela taxação. A tarifa tem causado preocupação em diversos segmentos econômicos.
Empresas que participam do programa Paraná Competitivo terão mais prazo para cumprir os compromissos de investimento. A ideia é evitar que os negócios sejam prejudicados e percam benefícios fiscais ou fiquem sem margem de operação.
Também haverá linhas de crédito emergenciais pela Fomento Paraná e pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Quem já tem empréstimos com essas instituições poderá pedir o adiamento de parcelas, dentro das regras do Banco Central.
O montante disponível para financiamento deve ultrapassar R$ 400 milhões. O governo do estado do Paraná ainda estuda um aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico para ampliar o acesso a recursos com juros mais baixos.
Necessidade de preservar empregos
O Paraná exporta, em média, US$ 1,5 bilhão por ano aos Estados Unidos. O secretário da Fazenda afirma que a intenção é preservar empregos e cadeias produtivas diante de um cenário que pode se agravar já em agosto.
Somente no primeiro semestre deste ano, as vendas chegaram a US$ 735 milhões. A maior parte é de produtos de madeira e derivados, mas há outros 90 grupos de itens que compõem a pauta de exportações, como café, móveis, peixes, plásticos, combustíveis, alumínio, açúcar, medicamentos, borracha e adubos.
As medidas são uma resposta a diversos pedidos feitos por representantes da indústria paranaense, com apoio da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo Paulo Roberto Pupo, coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais da Fiep, as ações adotadas pelo estado são de grande importância.
Diante da situação, o governador Ratinho Junior (PSD) defendeu uma atuação mais enérgica do Ministério das Relações Exteriores para evitar prejuízos à economia. Ele falou sobre o tema durante um evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro, na sexta-feira (25).
A iminência da tarifa aplicada pelos Estados Unidos já causa prejuízos em empresas do setor de derivados de madeira. A empresa Sudati, do setor de compensados e MDF, anunciou a demissão coletiva de aproximadamente 100 funcionários nas unidades de Ventania e Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais do Paraná.
No estado, outras duas fábricas anunciaram férias coletivas para cerca de 2 mil pessoas. Diante da situação, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) defende que o Brasil negocie a suspensão ou, ao menos, a prorrogação da tarifa por 90 dias, evitando prejuízos considerados irreversíveis.








