A empresa Sudati, do setor de compensados e MDF, anunciou a demissão coletiva de aproximadamente 100 funcionários nas unidades de Ventania e Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais do Paraná.
A medida ocorre em resposta à insegurança provocada pela decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
Com produção anual estimada em 600 mil metros cúbicos e cerca de 2,8 mil colaboradores, a Sudati possui cinco plantas industriais no Paraná e uma no estado de Santa Catarina.
As duas unidades afetadas são voltadas à produção de compensados, com forte foco no mercado norte-americano, um dos principais destinos de exportação da companhia.
Segundo a empresa, o atual cenário econômico exige maior eficiência e resiliência das indústrias, especialmente diante da retração da demanda e da indefinição quanto à vigência das tarifas.
Após análise interna, a redução foi considerada necessária para garantir o equilíbrio financeiro e a sustentabilidade das operações, sem comprometer os compromissos com clientes e parceiros.
A Sudati informou que todos os colaboradores atingidos pela medida estão sendo comunicados individualmente e receberão apoio conforme a legislação trabalhista.
A empresa reiterou o compromisso com a geração de empregos, a economia local e o desenvolvimento sustentável. O diretor administrativo da indústria, Ivânio Vaz, afirmou que outras demissões podem acontecer.
SAIBA MAIS:
Manifesto pede ações contra tarifaço
Diante do impacto das tarifas, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) divulgou um manifesto pedindo ação imediata do governo federal. As novas tarifas causam apreensão no setor.
A entidade alerta para os riscos de prejuízos econômicos, suspensão de contratos, cancelamento de embarques e demissões em massa no setor florestal do estado.
Os Estados Unidos são os principais importadores da madeira produzida pelos paranaenses. A APRE representa 40 empresas que respondem por metade da área de plantio comercial no Paraná.
A entidade destaca que os produtos florestais lideram as exportações do agronegócio brasileiro para os Estados Unidos, totalizando US$ 3,7 bilhões em 2024, à frente de café, carnes e sucos.
Segundo a associação, a taxação afeta diretamente a competitividade de produtos como compensado de pinus, madeira serrada, portas, painéis e móveis, especialmente no Paraná, líder nacional na produção desses itens.
No manifesto, a entidade pede que o Executivo federal negocie a suspensão ou ao menos a prorrogação da tarifa por 90 dias, evitando prejuízos irreversíveis.
Nesta semana, outras duas fábricas paranaenses anunciaram férias coletivas para cerca de 2 mil pessoas. Diante da situação, a APRE defende que o Brasil evite retaliações comerciais, a fim de preservar o ambiente de diálogo com os Estados Unidos.
O governo do Paraná vai se reunir, ao longo desta semana, com representantes de setores econômicos que podem ser impactados pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Entre os segmentos mais afetados estão os de madeira e derivados, como MDF, esquadrias e portas, além do café, suco de laranja, indústria em geral e o agronegócio.
A Secretaria da Fazenda será responsável por receber os pleitos das entidades e estudar medidas que possam compensar eventuais prejuízos, com o objetivo de proteger a economia do estado.
Atualmente, o Paraná exporta, em média, US$ 1,5 bilhão por ano em produtos para os Estados Unidos. Somente em 2025, até o mês de junho, as vendas já somam US$ 735 milhões.
Nos últimos quatro anos, mais de 90 grupos de produtos paranaenses chegaram ao mercado norte-americano. A lista inclui máquinas, combustíveis minerais, plásticos, alumínio, açúcar, café, adubos, borracha, produtos farmacêuticos, móveis, pescados e óleos vegetais.








