Histórias de suicídios, fugas, rebeliões e agressões dentro de unidades prisionais do Paraná compõem o retrato de um sistema que não adoece apenas quem está preso, mas também quem trabalha diariamente atrás das grades. Esses relatos, reunidos em um livro escrito por uma policial penal com quase duas décadas de experiência, revelam os impactos psicológicos da rotina prisional sobre os servidores, que muitas vezes enfrentam em silêncio o peso da tensão constante.


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A obra trata da chamada “prisionização” — quando a mente do trabalhador passa a operar sob a mesma lógica do cárcere — e mostra como esse processo afeta decisões, relacionamentos e a saúde mental de quem atua no sistema penal. Além dos relatos, o livro propõe reflexões sobre a falta de acolhimento institucional, a invisibilidade dos servidores nas discussões sobre direitos humanos e a necessidade de políticas públicas voltadas também para quem cuida.

Cárcere que ultrapassa os muros

A autora é Fabiana Polli, policial penal há 17 anos no Paraná e instrutora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário. No livro “Cadeados Mentais: a prisão nossa de cada dia”, publicado pela Artêra Editorial, ela propõe um debate urgente sobre os efeitos do cárcere na vida de quem lida diariamente com a privação de liberdade — mesmo sem estar preso. Ela conversou com Felipe Harmata.