A Polícia Civil informou que a quadrilha responsável por um esquema de adulteração de carga de soja e fertilizantes, que foi desarticulada nesta quarta-feira (28), burlava a fiscalização realizada no Porto de Paranaguá antes do embarque nos navios. Ao todo, foram cumpridos 135 mandados judiciais contra o grupo em cidades do Paraná e Goiás.

Ao menos 23 pessoas foram presas. No total, foram expedidos 37 mandados de prisão preventiva, 41 de busca residencial, 17 de buscas e apreensão de caminhões e carretas, além de 40 ordens de sequestro de bens. O prejuízo causado pelo esquema para o setor agrícola pode ter chegado a R$ 15 milhões. O delegado André Feltes explicou como a quadrilha agia.

Os mandados foram cumpridos, de maneira simultânea, em Curitiba, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Paranaguá, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Congonhinhas e Nova Fátima, no Paraná, e ainda em Goiânia (GO). As investigações tiveram início em 2022, quando uma carga de fertilizantes avaliada em R$ 95 mil foi furtada na região da capital paranaense.

Dentre os crimes investigados estão furto qualificado, receptação qualificada, falsidade ideológica, adulteração de produtos agrícolas, indução de consumidor a erro, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo a Polícia Civil, os criminosos deixavam apenas uma parte da carga original aparente, com o objetivo de burlar a fiscalização do porto.

Um dos principais métodos utilizados pela quadrilha, segundo a Polícia Civil, era o aliciamento de motoristas. Os criminosos cooptavam caminhoneiros para desviar a carga para armazéns clandestinos. Além disso, o grupo contava com motoristas fixos, contratados por empresas fictícias para ajudar no processo de desvio da soja e dos fertilizantes.

O policial rodoviário federal Daniel Takey, que também atuou na força-tarefa, destacou que alguns caminhoneiros faziam falsos registros de furto de carga para justificar o desvio do material que era adquirido pela quadrilha. No entanto, os agentes perceberam que, em muitos casos, os motoristas não apresentavam qualquer abalo emocional durante as queixas.

Nos barracões clandestinos, a soja era misturada à areia, ensacada e comercializada como legítima. Já os fertilizantes eram adulterados com materiais como calcário e silicato. Segundo as autoridades policiais, os materiais comercializados com mistura geravam perdas expressivas aos produtores rurais e prejuízos diretos para a agricultura.