Pelo Campeonato Paranaense Sub-20, o Paraná Clube derrotou o Londrina, por 3 a 1, no sábado passado (26), na Vila Olímpica do Boqueirão. O resultado, porém, foi o menos importante porque o jogo teve uma denúncia de racismo e, por causa de uma briga generalizada, nove cartões vermelhos. Segundo a súmula do árbitro Cleberton Ponce da Silva, Kadu, do time londrinense, acusou Eduardo Ribas, da equipe paranista, de injúria racial: Ribas teria chamado de “preto” o jogador Matheus Costa, também do Londrina.

Também na súmula, Ponce enfatizou que seguiu o protocolo determinado pela Federação Paranaense de Futebol (FPF) para estas situações. “Não presenciei o ato, mas respeitando a problemática do caso, cumpri o protocolo antirracista delimitado pela FIFA e reiterado pelas orientações administrativas da Federação Paranaense de Futebol, realizando o sinal antirracista (braços cruzados em X) em frente aos bancos de reservas e frontal ao público presente no estádio para comunicar simbolicamente o ocorrido”, escreveu o árbitro.

A acusação foi feita aos 43 minutos do segundo tempo, logo após o terceiro gol paranista. Em seguida, iniciou a briga, que fez Ponce registrar cartões vermelhos para cinco jogadores do Londrina e três do Paraná. Dez minutos antes já havia sido expulso o preparador físico paranista Dante Pereira, que teria provocado atletas adversários dizendo “para de frescura” e “levanta e joga logo”.

O árbitro também afirmou que Kadu foi expulso por agredir Eduardo Ribas e o nutricionista Rafael Gonçalves. Ribas, por revidar, também recebeu cartão vermelho.

Os dois clubes se manifestaram sobre o episódio, através de nota. Segundo o Londrina, outros jogadores ouviram a ofensa e servirão de testemunha. Já o Paraná colocou que não há prova concreta que sustente a acusação.

O caso vai ser analisado pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR).

NOTA OFICIAL DO LONDRINA

“Posicionamento do clube

O Londrina Esporte Clube reafirma seu compromisso absoluto com o combate ao racismo e a todas as formas de discriminação. Ressaltamos que:

Daremos total apoio ao nosso atleta Matheus Costa, que merece respeito e dignidade como profissional e ser humano;
Encaminharemos denúncia formal aos órgãos competentes da Justiça Desportiva solicitando investigação rigorosa e punição exemplar ao responsável, bem como já foi lavrado o Boletim de Ocorrência relatando o caso, e tomaremos todas as medidas cabíveis também na esfera criminal;
Não aceitaremos que tais episódios sejam tratados com descrédito ou minimizados, como sugerido na nota emitida pelo Paraná Clube;
Manifestamos nosso repúdio à tentativa de inversão dos fatos, transformando a vítima em acusado.

Sobre os incidentes físicos

Reconhecemos que houve alteração entre atletas durante a partida, situação que será avaliada pelas autoridades competentes e pelo departamento jurídico do clube. No entanto, ressaltamos que tais fatos não podem e não devem ser usados para ofuscar a gravidade da injúria racial cometida.

Compromisso com a verdade

O Londrina Esporte Clube, como instituição com mais de 69 anos de história no futebol paranaense, reafirma seu compromisso com a verdade e com a construção de um ambiente esportivo livre de racismo e preconceito. Não mediremos esforços para que este triste episódio resulte em medidas concretas de combate ao racismo no futebol.

Permanecemos à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos adicionais e aguardamos que a justiça seja feita.

Londrina, 28 de abril de 2025.”

NOTA OFICIAL DO PARANÁ

“O Paraná Clube vem a público repudiar veementemente qualquer forma de racismo, discriminação ou preconceito. Nossa instituição tem como princípio inegociável – desde a sua origem – o respeito à diversidade e à dignidade de todos os envolvidos no esporte e na sociedade.

Sobre a acusação de racismo mencionada na Nota Oficial emitida pelo Londrina Esporte Clube contra o atleta Eduardo Ribas, o Paraná ressalta que não há qualquer evidência ou prova concreta que sustente a acusação mencionada, conforme indica a própria Súmula da Partida, na qual o árbitro descreve que não ouviu relato racista algum, contendo apenas a denúncia do atleta adversário.

Ao contrário do que diz a nota da equipe adversária, reforçamos nosso compromisso com o combate ao racismo e com a promoção de um ambiente de respeito no futebol brasileiro. Não aceitaremos, contudo, que acusações sem comprovação manchem a reputação de nossos profissionais ou da nossa instituição.

O Clube também repudia a postura de alguns atletas da comissão técnica do Londrina Esporte Clube na partida do último sábado (26), pelo Campeonato Paranaense Sub-20, na qual o Paraná sagrou-se vencedor pelo placar de 3 a 1.

Na oportunidade, o zagueiro Matheus Costa, camisa 4 do Londrina, ocupou-se em proferir provocações aos atletas e ao banco de reservas paranista durante todo o segundo tempo, com termos agressivos e depreciativos contra nossos atletas e agremiação.

Em ato contínuo, ao fim da partida, o jogador Cadu Cezarino, camisa 3 do time visitante, agrediu nossos atletas em campo e, em seguida, invadiu nosso vestiário, onde lamentavelmente veio a agredir nosso nutricionista Rafael Gonçalves, o qual teve seu nariz fraturado por conta da covarde e infeliz agressão, conforme mostram as imagens acima.

Após o término da partida, o nutricionista Rafael Gonçalves e o atleta Eduardo Ribas, este último indevidamente acusado de haver proferido ofensas de cunho racial, imputação esta desprovida de qualquer prova concreta, compareceram à Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (DEMAFE) para prestar depoimento e registrar Boletim de Ocorrência em razão da agressão física sofrida em campo, devidamente registrada por imagens.

Ademais, foi formalizada manifestação quanto à falsidade da acusação dirigida ao atleta Eduardo Ribas, a qual configura, em tese, o crime de calúnia, nos termos do artigo 138 do Código Penal Brasileiro, por consistir na imputação falsa de fato definido como crime a outrem. Ressalte-se, ainda, que tal imputação recai sobre pessoa menor de 18 anos, o que aumenta a gravidade da situação e exige a observância rigorosa dos princípios da presunção de inocência e do devido processo legal, previstos na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente.

O clube segue confiando na conduta ética dos nossos atletas e membros da comissão técnica, e se coloca à disposição das autoridades competentes, caso haja qualquer apuração formal dos fatos.

Por fim, o Paraná reitera que não medirá esforços para que todas as medidas cabíveis sejam rigorosamente aplicadas nas esferas civil, penal e desportiva.”