A desigualdade racial ainda é marca do mercado de trabalho paranaense, com negros recebendo 33% a menos do que os brancos, além de experimentarem taxas mais altas de desocupação e informalidade. As estatísticas reforçam uma situação historicamente pior dos negros em comparação ao restante da população também aqui no estado.

Criado para incentivar a reflexão sobre a memória e a história da população negra no país, o Dia da Consciência Negra é marcado por feriado nacional pela primeira vez em 2024 e lança luz sobre o cenário persistente de desigualdade, inclusive no Paraná.

Exemplo claro disso é o mercado de trabalho que ainda representa desafio tanto para a inserção quanto para a ascensão desses cidadãos. As taxas de informalidade e de desocupação são maiores entre os negros e se somam à desigualdade de renda a que esses trabalhadores estão sujeitos de modo recorrente.

Estudo do Dieese sobre o tema aponta que o trabalhador preto ou pardo ganha 33% a menos do que um branco no estado do Paraná. Os dados são do segundo trimestre do ano, da PNAD Contínua, e revelam que o rendimento médio habitual de um trabalhador negro no estado é de R$ 2.555 contra os R$ 3.839 recebidos por um trabalhador branco. Na Região Metropolitana de Curitiba essa lacuna é ainda maior, aproximando-se da diferença registrada nacionalmente (de 40,35%). Na capital, um trabalhador branco tem renda média de R$ 4.609, 39,15% mais do que os R$ 2.805 de um negro.

Na avaliação do Dieese, as estatísticas socioeconômicas reforçam que historicamente a situação das pessoas negras é pior do que a do restante da população.

Para atacar esse cenário, políticas bem estruturadas de promoção da igualdade são essenciais à sociedade, conforme frisa o procurador Olympio de Sá Sotto Maior Neto, do Ministério Público do Paraná.

Ainda na avaliação do procurador, ações afirmativas também têm papel relevante, não só para combater desigualdades estruturais, mas para dar a devida visibilidade à memória e à história negras junto às novas gerações.

O Dia da Consciência Negra é celebrado no 20 de novembro em alusão ao líder quilombola Zumbi dos Palmares, símbolo da luta e da resistência contra a escravidão.

Por Cristina Seciuk

* Matéria atualizada às 14h15