O avô da bebê de apenas um ano que morreu após um bombardeio israelense em Beirute, no Líbano, no sábado (2), falou com a CBN Curitiba sobre a situação dramática vivida pela família. Haj Ali Abbas, que mora em Foz do Iguaçu, no interior do Paraná, acompanha com aflição as notícias sobre os ataques que atingem o país do Oriente Médio.
A neta, Fátima Abbas, que tem cidadania brasileira, foi morta após um míssil cair sobre o carro onde ela estava com o pai e a mãe. Os pais sobreviveram ao bombardeio. O ataque aconteceu em frente a um hospital, quando a família ia visitar a tia da bebê, que havia dado à luz recentemente, como conta o avô da vítima.
Haj afirmou que a família vivia em um local protegido e que a área atingida pelo bombardeio é um perímetro civil. A família da vítima tentava vir para a cidade de Foz do Iguaçu, no interior do Paraná, onde viviam outros parentes. Eles seriam repatriados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores lamentou o ocorrido e informou que o governo brasileiro reitera a condenação dos contínuos e injustificados ataques aéreos em zonas civis. A bebê foi sepultada no Líbano e, segundo o avô da vítima, a família não sabe mais se deixará o país após a situação.
O Líbano tem sido alvo de ataques de Israel, país vizinho que tenta combater o grupo extremista Hezbollah. Mais de 2 mil pessoas morreram nos bombardeios israelenses, sendo a maioria nas últimas semanas, o que tem aumentado a hostilidade entre os dois países.
Ao todo, três brasileiros morreram vítimas dos bombardeios de Israel. A primeira vítima foi Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, que foi morto em um bombardeio contra a fábrica de produtos de limpeza da família. Ele era natural de Foz do Iguaçu e estava com o pai, que também morreu.
A segunda vítima foi a jovem Mirna Raef Nasser, de 16 anos, que era de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. O comunicado recente do Itamarty reforçou o apelo do Brasil para que as partes envolvidas cessem, de maneira imediata, as hostilidades.
Em outubro, o governo brasileiro iniciou uma operação de resgate dos brasileiros que estão no Líbano. Cerca de três mil pessoas se inscreveram para deixar o país em conflito. Até o momento, mais de 2 mil pessoas e cerca de 20 animais de estimação retornaram ao Brasil.
O décimo voo da missão chegou na madrugada desta terça-feira (5), na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP). A aeronave transportava 213 passageiros e quatro animais de estimação. A expectativa é que 20% das pessoas que pediram pela repatriação sigam para Foz do Iguaçu.
A cidade, localizada na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, tem a segunda maior comunidade libanesa do Brasil. O município criou um Comitê Especial de Atenção aos Repatriados e Migrantes do Líbano, com o objetivo de auxiliar a população que é resgatada.
O grupo é formado por representantes da prefeitura, do governo paranaense, do governo federal e da sociedade islâmica em Foz do Iguaçu. A proposta é ajudar as pessoas que chegam do Líbano com atendimento psicológico e assistencial. O projeto pede por voluntários para apoiar no serviço.
Até o final de outubro, a prefeitura de Foz do Iguaçu informou que 259 repatriados já desembarcaram na cidade. O Líbano conta com cerca de 21 mil brasileiros. A expectativa é de que cerca de 4 mil pessoas repatriadas devam seguir para o Paraná.








