Um esquema montado para a venda de medicamentos falsificados foi descoberto pela Polícia Federal e terminou em uma operação nesta quinta-feira (20). Os policiais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão e dois de prisão. Os suspeitos seriam bolivianos, um deles é estudante de medicina e foi preso, o outro é um comerciante que segue foragido e teria fugido para a Bolívia.

O delegado Mateus Calabresi explica que uma investigação da Polícia Civil apontou que remédios falsos teriam sido vendidos para o Hospital Geral de Curitiba, administrado pelo Exército Brasileiro, por meio de uma licitação. A Polícia Federal foi acionada após a descoberta de que o esquema envolveria ações em vários estados, além de outro país.

Os alvos das ordens judiciais estavam em Curitiba e Francisco Beltrão, no Paraná. Em Corumbá, Ladário e Campo Grande no Mato Grosso do Sul. Birigui e São Caetano do Sul em São Paulo. Além de endereços em Nova Iguaçu e na capital do Rio de Janeiro e em Jacobina no interior da Bahia.

Os medicamentos também chegaram a ser comercializados para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná, que chegou a distribuir os medicamentos aos municípios paranaenses. Em nota, o órgão de Saúde disse que “após perceber irregularidades, em setembro do ano passado, acionou a PCPR para realizar a investigação”. Apontou ainda que “determinou a abertura de um Processo Administrativo Interno (PAD)/sindicância; um Processo de Apuração de Responsabilidade (PAR) frente a empresa fornecedora, a formação de uma comissão interna para modernização administrativa no Centro de Medicamentos do Paraná (CEMEPAR) e a busca ativa e apreensão desses medicamentos em todo Estado”.

A Sesa também pontuou que “não foi detectada nenhuma complicação na saúde dos pacientes que fizeram uso desta medicação” e conclui afirmando que foi “vítima de um golpe aplicado pela empresa”.

A empresa responsável pela participação nas licitações é investigada pelo crime de frauda à licitação, mas segundo o delegado ainda não é possível afirmar se ela fez parte do esquema ou teria sido lesada também com a compra do medicamento irregular.

A farmacêutica Bayer que teve o nome utilizado irregularmente no processo de falsificação publicou uma nota informando que a sua logo e informações do seu produto foram copiadas pelos falsificadores e utilizadas em um remédio chamado “Gamimune N.5%”. A empresa então reforça que “trata-se de fraude, uma vez que o referido produto nunca foi produzido, importado, nem tampouco comercializado pela empresa”. A farmacêutica apontou que tomou conhecimento da prática em outubro de 2022.

Por meio de nota o Comando da 5ª Região Militar informou que em 2023 foi prestado todo o apoio demandado pela Polícia Civil, do Estado do Paraná, no curso das investigações. Paralelamente, adotou as medidas administrativas previstas. Por fim, o Comando da 5ª Região Militar esclarece também que não se posiciona sobre operações em curso no âmbito dos Órgãos de Segurança Pública.

Os envolvidos estão sendo investigados por crimes como associação criminosa, fraude à licitação e falsificação de medicamentos. A Polícia Federal deve seguir com as investigações e o homem preso vai prestar depoimento nos próximos dias. Não está descartada a participação de outras pessoas no esquema.